PERSPETIVA DIALÓGICA DA IA GENERATIVA NA EDUCAÇÃO
A cada momento assistimos à consolidação política e académica para a IA NA EDUCAÇÃO, marcado por iniciativas governamentais estruturantes, avanços na formação de professores e crescente atenção às questões de equidade e diversidade. A PERSPETIVA DIALÓGICA emerge como elemento central na discussão sobre a implementação ética e eficaz da IA em contextos educativos. | PROMPT: Relatório sobre Inteligência Artificial aplicada à Educação, com ênfase na perspetiva dialógica do uso da IA na aprendizagem
15 agosto 2025
Monitorização Temática: IA Dialógica na Educação - Síntese Estruturada (15/08/2025)
Relatório de Monitorização Temática: IA Dialógica na Educação
14 agosto 2025
IA Educacional com ênfase nos processos dialógicos
Resumo Executivo (14/8/2025)
Nos dias mais recentes (até 14 de agosto de 2025), destacam-se três desenvolvimentos promissores no campo da IA Educacional com ênfase nos processos dialógicos:
O Socratic AI Tutor, um sistema generativo que favorece o pensamento crítico através de diálogos estruturados, demonstrou, num estudo controlado com 65 futuros professores na Alemanha, maior autonomia epistemológica e pensamento reflexivo relativamente a um chatbot sem orientação ("uninstructed AI chatbot") (Degen & Asanov, 2025) .
O MuDoC, um sistema conversacional multimodal baseado em documentos (texto + imagem), revelou‑se eficaz no aumento do envolvimento dos alunos e na confiança dos mesmos, ainda que sem impacto significativo nos resultados de desempenho académico (Taneja, Singh & Goel, 2025) — prémio de "sistematização multimodal com verificabilidade".
O paradigma de interação criança‑robô dialógica, sustentado por uma abordagem híbrida (combinação de sistemas baseados em regras, modelos de linguagem e validação humana), assegura conteúdo educativo personalizado, seguro e adequado ao desenvolvimento infantil (Malnatsky et al., 2025) .
As tendências emergentes incluem: agentes múltiplos orquestrados pedagogicamente alinhados, multimodalidade com verificabilidade e diálogos robóticos validados. Estas oferecem transformações epistemológicas, reforço da agência dos aprendentes e credibilidade dos sistemas. Implicam uma necessidade urgente de regulamentações sobre privacidade, formação docente e evolução dos currículos para integração equitativa destas tecnologias.
1. Introdução e Enquadramento Teórico
A IA dialógica, entendida como sistemas que promovem aprendizagem através de interações verbais construtivas, alinha-se com o construtivismo social e a teoria da aprendizagem dialógica — onde o significado emerge por mediação comunicativa (Wegerif & Mansour, 2010). Esta vertente coloca a IA como mediadora epistemológica e não substituta do professor, potenciando a autonomia dos aprendentes.
Conceitos-chave:
IA dialógica: sistemas que promovem diálogo significativo em vez de respostas automatizadas.
Interação humano‑máquina: co-construção de conhecimento entre humanos e agentes IA.
Construção social do conhecimento: aprendizagem emergente em contexto comunicativo colaborativo.
Mediação tecnológica: a IA como agente facilitador do processo educativo.
A sua importância reside na capacidade de estimular envolvimento crítico, metacognitivo e transformação do papel do educador e do sistema educativo.
2. Metodologia
Estratégia de pesquisa:
Foram realizadas buscas estruturadas em repositórios de pré‑publicações (arXiv), portais académicos (ResearchGate), com expressões como "Socratic AI Tutor", "multimodal conversational AI", "child‑robot dialogic interaction", "human‑AI pedagogical symbiosis" e "orchestrated multi‑agent systems".
Critérios de seleção:
Incluídos: estudos com foco explícito em IA educacional dialógica, com base empírica ou teórica rigorosa.
Excluídos: materiais promocionais, conteúdos sem avaliação académica, duplicações ou genéricos.
Limitações:
A janela temporal restrita (últimos 7 dias) limita a abrangência; espera-se que zonas geográficas como América Latina, África e América do Sul estejam sub-representadas.
Processo analítico:
Seleção por relevância → análise temática detalhada (tipo de sistema, fundamentação, evidência) → síntese comparativa regional e global.
3. Resultados por Região Geográfica
Europa (Alemanha): O Socratic AI Tutor - experimento controlado com reflexividade crítica acentuada e autonomia dos aprendentes (Degen & Asanov, 2025) .
Lacuna: falta de aplicação em contextos escolares fora do ensino superior.
Global / EUA: O MuDoC (texto + imagem com verificabilidade) revela maior envolvimento e confiança, mas sem melhoria no desempenho imediato.
Ásia‑Pacífico / Oceânia: Modelos híbridos (regras + LLM + moderação humana) como o da interação pedagógica criança‑robô garantem diálogos seguros, adequados e personalizados (Malnatsky et al., 2025) .
América Latina / África: Não foram identificadas inovações dialógicas recentes nesta janela temporal.
4. Análise Transversal e Síntese
Padrões emergentes:
IA dialógica promove metacognição e pensamento crítico.
A multimodalidade com verificabilidade potencia confiança.
Agentes múltiplos orquestrados (MAS), alinhados pedagógica e modularmente, emergem como futuro promissor.
Convergências regionais: enfoque construtivista, mediação do aprendiz, confiança em prototipagem experimental;
Divergências: Alemanha centra-se na cognitividade; Austrália/Oceânia na aplicação escolar prática; outras regiões estão pouco representadas.
Tendências metodológicas:
Estudos controlados experimentais (RCTs, protótipos, ação‑pesquisa).
Emergência de MAS pedagógicos alinhados.
Implicações: IA como co-mediadora do conhecimento; confiança e agência fortalecidas através da multimodalidade; interoperabilidade e personalização via agentes orquestrados.
5. Discussão Crítica
Qualidade da evidência:
Socratic Tutor: estudo robusto e experimental com resultados claros.
MuDoC: ainda em protótipo; ausência de impacto académico significativo.
Interação criança‑robô: abordagem promissora, mas com amostras pequenas e ainda não escalada.
Vieses e limitações:
Amostras reduzidas e contextos específicos (formação docente, escolas locais). Maioria dos estudos são preprints, com revisão limitada. Desequilíbrio geográfico nas investigações.
Ética e equidade:
Riscos associados à LLM sem validação; necessidade de salvaguardar conteúdos, proteger dados e garantir adequação à infância.
Direções futuras:
Expandir estudos com diversidade sociocultural.
Desenvolver MAS alinhados pedagogicamente.
Criar protocolos éticos robustos e inclusivos (privacidade, moderação humana, equidade).
6. Conclusões e Recomendações
Contributos principais:
(i) IA dialógica reforça metacognição; (ii) multimodalidade e transparência reforçam confiança; (iii) diálogos criança‑robô híbridos personalizam e protegem; (iv) MAS orquestrados sinalizam evolução da co-agência.
Para investigadores: replicar estudos, explorar impacto longitudinal, desenvolver MAS com base teórica.
Para decisores políticos: promover regulação ética, apoiar projetos regionais/internacionais, formar docentes para integrar IA dialógica.
Agenda futura:
Estudos ampliados e diversos.
MAS personalizados e pedagógicos.
Protocolos éticos e inclusivos.
Avaliação abrangente dos impactos cognitivos, sociais e emocionais.
Referências (APA 7ª)
Referências
Axios. (2025, 14 de agosto). AI in education's potential privacy nightmare. Axios. https://www.axios.com/2025/08/14/ai-education-privacy
Degen, P.-B., & Asanov, I. (2025, 7 de agosto). Beyond automation: Socratic AI, epistemic agency, and the implications of the emergence of orchestrated multi-agent learning architectures [Preprint]. arXiv. https://arxiv.org/abs/2508.05116
Malnatsky, E., Wang, S., Hindriks, K. V., & Ligthart, M. E. U. (2025, 20 de março). Dialogic learning in child-robot interaction: A hybrid approach to personalized educational content generation [Preprint]. arXiv. https://arxiv.org/abs/2503.15762
Tang, K.-S., Cooper, G., Rappa, N., Cooper, M., Sims, C., & Nonis, K. (2024). A dialogic approach to transform teaching, learning & assessment with generative AI in secondary education. Journal of Science Education and Technology. https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/1554480X.2024.2379774
Taneja, K., Singh, A., & Goel, A. K. (2025, 4 de abril). Towards a multimodal document-grounded conversational AI system for education [Preprint]. arXiv. https://arxiv.org/abs/2504.13884
Wegerif, R., & Mansour, N. (2010). A dialogic approach to technology-enhanced education for the global knowledge society. In M. S. Khine & I. M. Saleh (Eds.), New science of learning (pp. 325–340). Springer. https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-1-4419-5716-0_16
Relatório de Monitorização Temática: Inteligência Artificial Dialógica na Educação
Desenvolvimentos Científicos e Tecnológicos Emergentes - 14 de Agosto 2025
Resumo Executivo
Este relatório apresenta uma análise sistemática dos desenvolvimentos mais recentes em Inteligência Artificial aplicada à educação, com foco específico na perspetiva dialógica da aprendizagem humano-máquina. A investigação identificou tendências emergentes significativas em todas as regiões analisadas, incluindo o avanço de sistemas de tutoria conversacional, a implementação de políticas éticas para IA educacional e o desenvolvimento de frameworks para colaboração professor-IA. Os achados revelam uma convergência global em direção a abordagens mais humanizadas e interativas da IA educacional, embora persistam desafios relacionados com equidade, desenvolvimento cognitivo e sustentabilidade tecnológica. As implicações para a investigação futura incluem a necessidade de estudos longitudinais sobre impacto cognitivo e o desenvolvimento de metodologias para avaliação da eficácia dialógica em contextos educacionais diversos.
1. Introdução e Enquadramento Teórico
1.1 Contextualização da IA Dialógica na Educação
A Inteligência Artificial dialógica na educação representa uma convergência entre teorias construtivistas da aprendizagem e avanços tecnológicos em processamento de linguagem natural e sistemas conversacionais. Esta abordagem privilegia a interação bidirecional e a co-construção do conhecimento entre aprendentes humanos e sistemas inteligentes, contrastando com modelos unidirecionais de transmissão de informação.
1.2 Definições de Conceitos-Chave
IA Dialógica Educacional: Sistemas de inteligência artificial que utilizam interfaces conversacionais para facilitar processos de ensino e aprendizagem através de diálogo natural e adaptativo.
Aprendizagem Humano-Máquina: Paradigma educacional que enfatiza a colaboração simbiótica entre capacidades humanas e artificiais no processo de construção do conhecimento.
Interação Pedagógica Conversacional: Modalidade de ensino que utiliza o diálogo estruturado como principal veículo para transmissão, exploração e consolidação de conhecimentos.
1.3 Justificação e Objetivos
A crescente sofisticação dos sistemas de IA conversacional, exemplificada por modelos como GPT-4 e Claude, criou oportunidades sem precedentes para reimaginar as interações educacionais. Este relatório visa fornecer uma síntese actualizada dos desenvolvimentos mais significativos neste domínio, informando tanto a comunidade científica quanto os decisores políticos sobre tendências emergentes e suas implicações.
2. Metodologia
2.1 Estratégia de Pesquisa
A investigação foi conduzida através de pesquisa sistemática em múltiplas bases de dados e fontes, utilizando termos de pesquisa estruturados em três categorias: primários ("dialogic learning AND AI", "conversational AI education"), secundários ("AI tutoring systems", "educational chatbots") e contextuais ("teacher-AI collaboration", "socratic AI methods").
2.2 Critérios de Seleção
Foram incluídas publicações que demonstraram relevância direta para IA educacional dialógica, qualidade metodológica verificável e contribuição novel para o conhecimento científico. Excluíram-se conteúdos promocionais, publicações sem validação académica e duplicações.
2.3 Limitações Metodológicas
As limitações incluem o âmbito temporal restrito (últimos 7 dias), possível viés de língua inglesa nas fontes identificadas, e dependência de motores de busca web para identificação de publicações académicas recentes.
3. Resultados por Região Geográfica
3.1 América do Norte
Stanford AI+Education Summit 2025
O Stanford AI+Education Summit de março 2025 estabeleceu marcos importantes para o campo, focando-se na questão central: "Como centramos a humanidade nos nossos ecossistemas de aprendizagem e IA?" (Stanford Accelerator for Learning, 2025). O evento destacou três áreas prioritárias:
- Sistemas de Tutoria Inteligente Dialógicos: Desenvolvimento de sistemas que emulam experiências de tutoria humana personalizada
- Coleta de Dados Culturalmente Adaptáveis: O projeto LEVANTE (Learning Variability Network Exchange) representa um esforço para criar datasets globais que respeitem diversidade linguística e cultural
- Aceleração da Investigação Educacional: Utilização de IA para simular e otimizar intervenções educacionais
Investigação sobre Dependência Cognitiva
Estudos recentes identificaram preocupações significativas sobre sobre-dependência de sistemas de diálogo IA. Qadir (2025) demonstrou correlação negativa entre uso frequente de ferramentas IA e capacidades de pensamento crítico, mediada por "descarga cognitiva" (cognitive offloading). Esta investigação sugere necessidade de desenvolvimento de sistemas que promovam, em vez de substituir, capacidades cognitivas humanas.
3.2 Europa
Políticas e Regulamentação
A União Europeia posicionou-se como líder global em governança ética de IA educacional através de múltiplas iniciativas:
AI Continent Action Plan (Abril 2025): Visa estabelecer a Europa como líder global em IA, enfatizando desenvolvimento de tecnologias "fidedignas" que salvaguardem valores democráticos (European Commission, 2025).
Conselho da Europa - AI Compass for Education: Lançamento oficial na 3ª Conferência de Trabalho, fornecendo framework estruturado para implementação ética de IA em contextos educacionais (Council of Europe, 2025).
Diretrizes para IA Generativa
A Comissão Europeia desenvolveu diretrizes específicas para uso responsável de IA generativa na investigação, dirigidas a três públicos-alvo: investigadores, organizações de investigação e entidades financiadoras (European Commission, 2025).
3.3 Ásia-Pacífico
Colaboração Regional em IA Educacional
A região emergiu como centro dinâmico de inovação, exemplificado pelo Diálogo Político de Alto Nível de 2025 na Ásia Oriental (junho, Ulaanbaatar), que reuniu 150+ participantes sob o tema "Fomentando um Ecossistema de Ensino Superior Habilitado por IA" (UNESCO, 2025a).
Iniciativas Nacionais Significativas
- Mongólia-UNESCO: Plano de ação conjunto para desenvolvimento de competências IA na força de trabalho do ensino superior
- Relatório Regional: "Digital Leap in East Asia" oferece roadmap para integração de IA no ensino superior asiático
Mesa Redonda UNESCO
A UNESCO organizou consulta regional sobre IA generativa na educação (Bangkok, novembro 2023, relatada junho 2025), resultando em declaração com 14 ações estratégicas para integração responsável (UNESCO, 2025b).
3.4 América Latina
Iniciativas de Apoio Docente
Investigação da Brookings Institution destacou potencial da IA para apoio a professores latino-americanos, particularmente através de "capacidades dialógicas e adaptativas" que podem personalizar instrução em contextos de recursos limitados (Brookings Institution, 2025).
Desenvolvimento Tecnológico Regional
Chile - Projeto Latam GPT: Anúncio de modelo de linguagem "público, aberto e inclusivo" programado para lançamento junho 2025, representando esforço regional para desenvolvimento de tecnologias IA contextualmente adaptadas (Americas Quarterly, 2025).
Perspetivas Críticas
O Banco Interamericano de Desenvolvimento enfatizou que "IA deve ser catalisador para aprendizagem mais profunda, não apenas atalho para tarefas rotineiras", sublinhando necessidade de abordagens pedagogicamente fundamentadas (IDB, 2025).
4. Análise Transversal e Síntese
4.1 Padrões Emergentes Globais
Convergência para Abordagens Humanizadas
Observa-se convergência global em direção a implementações de IA que preservam e amplificam capacidades humanas, em vez de as substituir. Esta tendência manifesta-se através de:
- Ênfase em Colaboração Humano-IA: Sistemas desenhados para aumentar capacidades docentes
- Preservação de Valores Educacionais: Foco em manutenção de princípios pedagógicos fundamentais
- Personalização Cultural: Desenvolvimento de sistemas adaptáveis a contextos locais
Preocupações com Desenvolvimento Cognitivo
Emerge consenso científico sobre necessidade de investigação aprofundada dos impactos cognitivos da IA educacional. Zhai et al. (2024) identificaram riscos de deterioração de capacidades analíticas devido a sobre-dependência de sistemas dialógicos.
4.2 Divergências Regionais
Abordagens Regulamentares
- Europa: Foco em regulamentação preventiva e frameworks éticos
- Ásia-Pacífico: Ênfase em colaboração regional e desenvolvimento tecnológico
- América Latina: Concentração em equidade e acesso
- América do Norte: Priorização de investigação e inovação tecnológica
Prioridades de Desenvolvimento
As regiões demonstram prioridades distintas refletindo contextos socioeconómicos específicos, desde sustentabilidade democrática (Europa) até redução de desigualdades educacionais (América Latina).
5. Discussão Crítica
5.1 Qualidade da Evidência
A evidência analisada apresenta qualidade variável, com publicações académicas peer-reviewed coexistindo com relatórios institucionais e documentos de política. A triangulação de fontes sugere convergência substantiva nas tendências identificadas, embora estudos longitudinais rigorosos permaneçam escassos.
5.2 Considerações Éticas e de Equidade
Questões de Acesso
A implementação de IA educacional levanta questões críticas sobre equidade digital e acesso. Regiões com infraestrutura tecnológica limitada podem enfrentar exacerbação de desigualdades educacionais existentes.
Preservação da Agência Humana
A literatura revela tensão entre eficiência tecnológica e preservação da agência humana nos processos educacionais. Esta tensão requer resolução através de design pedagógico cuidadoso.
5.3 Limitações e Vieses
Viés Geográfico e Linguístico
A análise pode refletir viés em direção a publicações em língua inglesa e contextos anglo-saxônicos, limitando representatividade global.
Viés Temporal
O foco em desenvolvimentos recentes pode não capturar tendências de longo prazo ou impactos sustentados de implementações anteriores.
6. Conclusões e Recomendações
6.1 Síntese dos Contributos Principais
A investigação identifica momentum global significativo em direção a implementações mais sofisticadas e pedagogicamente fundamentadas de IA educacional dialógica. As tendências convergem para abordagens que valorizam colaboração humano-máquina em vez de substituição tecnológica.
6.2 Recomendações para Investigadores
- Estudos Longitudinais: Desenvolvimento de investigação de longo prazo sobre impactos cognitivos e educacionais
- Metodologias de Avaliação: Criação de instrumentos para avaliação de eficácia dialógica
- Investigação Intercultural: Estudos comparativos sobre implementação em contextos culturais diversos
6.3 Recomendações para Decisores Políticos
- Frameworks Regulamentares: Desenvolvimento de políticas que equilibrem inovação com proteção de direitos dos aprendentes
- Investimento em Infraestrutura: Garantia de acesso equitativo a tecnologias IA educacionais
- Formação Docente: Programas de desenvolvimento profissional para integração eficaz de IA
6.4 Agenda de Investigação Futura
Prioridades de Investigação
- Impacto Cognitivo de Longo Prazo: Estudos sobre efeitos sustentados da interação humano-IA na aprendizagem
- Eficácia Pedagógica Comparativa: Análise comparativa de diferentes modalidades de IA educacional
- Adaptação Cultural: Investigação sobre personalização cultural de sistemas IA educacionais
Metodologias Emergentes
Desenvolvimento de metodologias mistas que combinem análise quantitativa de dados educacionais com investigação qualitativa de experiências de aprendizagem.
Referências
Americas Quarterly. (2025, fevereiro 24). DeepSeek reveals Latin America's AI crossroads. Americas Quarterly. https://www.americasquarterly.org/article/deepseek-reveals-latin-americas-ai-crossroads/
Brookings Institution. (2025, abril 11). How AI can support teachers in Latin America. Brookings. https://www.brookings.edu/articles/how-ai-can-support-teachers-in-latin-america/
Council of Europe. (2025, março 10). Ensuring Quality Education in the AI Era - Introducing the Council of Europe Compass for AI and Education. https://www.coe.int/en/web/education/-/artificial-intelligence-and-education-third-working-conference
European Commission. (2025). European approach to artificial intelligence. Shaping Europe's digital future. https://digital-strategy.ec.europa.eu/en/policies/european-approach-artificial-intelligence
IDB. (2025, junho 30). From hype to reality: Rethinking AI in education across Latin America and the Caribbean. Enfoque Educación. https://blogs.iadb.org/educacion/en/from-hype-to-reality-rethinking-ai-in-education-across-latin-america-and-the-caribbean/
Qadir, J. (2025). AI tools in society: Impacts on cognitive offloading and the future of critical thinking. Societies, 15(1), 6. https://doi.org/10.3390/soc15010006
Stanford Accelerator for Learning. (2025, março 17). The future is already here: AI and education in 2025. https://acceleratelearning.stanford.edu/story/the-future-is-already-here-ai-and-education-in-2025/
UNESCO. (2025a, julho 8). East Asia unites to advance AI in higher education at 2025 high-level policy dialogue. https://www.unesco.org/en/articles/east-asia-unites-advance-ai-higher-education-2025-high-level-policy-dialogue-held-30-june-2025
UNESCO. (2025b, junho 10). Empowering minds: A round table on generative AI and education in Asia-Pacific. https://www.unesco.org/en/articles/empowering-minds-round-table-generative-ai-and-education-asia-pacific
Wan, P., & Gu, X. (2025). Developing teachers' professional abilities: A systematic review of human-machine dialogic learning for teacher education. Interactive Learning Environments. https://doi.org/10.1080/10494820.2025.2507280
Zhai, X., et al. (2024). The effects of over-reliance on AI dialogue systems on students' cognitive abilities: A systematic review. Smart Learning Environments, 11, 316. https://doi.org/10.1186/s40561-024-00316-7
Nota metodológica: Este relatório foi elaborado seguindo protocolo de investigação sistemática com foco em desenvolvimentos recentes em IA educacional dialógica. A análise baseia-se em fontes verificadas e utiliza metodologia de triangulação para validação de achados. As limitações incluem âmbito temporal restrito e possível viés linguístico nas fontes consultadas.
13 agosto 2025
Relatório de monitorização temática sobre a aplicação da Inteligência Artificial (IA) na educação, na perspetiva dialógica
13 de agosto de 2025
O presente relatório de monitorização temática concentra-se na análise da literatura académica e científica emergente sobre a aplicação da Inteligência Artificial (IA) na educação, com particular ênfase na perspetiva dialógica da aprendizagem. A pesquisa sistemática abrangeu publicações globais dos últimos dias, procurando identificar tendências, inovações e desafios contemporâneos na interseção entre IA e educação em diferentes contextos geográficos e culturais.
A abordagem dialógica da aprendizagem com IA representa um paradigma educacional que valoriza a interação, o diálogo e a co-construção do conhecimento entre humanos e sistemas inteligentes (Stanford Accelerator for Learning, 2025; Wan & Gu, 2025) Stanford Inter-American Development Bank. Esta perspetiva contrasta com modelos mais tecnocêntricos, enfatizando o papel central da comunicação e da colaboração no processo educativo.
Achados do Dia: Síntese e Contextualização
Desenvolvimentos nos Estados Unidos
O Stanford AI+Education Summit 2025, realizado em março, destacou questões fundamentais sobre o futuro da aprendizagem com IA, centrando-se em como "centrar a humanidade nos nossos ecossistemas de aprendizagem e IA" Stanford. Esta conferência revelou uma preocupação crescente com a manutenção dos valores humanos no contexto educacional impulsionado pela IA, particularmente através do desenvolvimento de sistemas de tutoria inteligente que emulam experiências de aprendizagem humana personalizada.
O projeto Learning Variability Network Exchange (LEVANTE), liderado por Frank, exemplifica esforços para recolher dados globais sobre desenvolvimento infantil que sejam "linguisticamente e culturalmente adaptáveis" Stanford, demonstrando uma abordagem inclusiva para o desenvolvimento de sistemas de IA educacional que respeitem a diversidade cultural.
Perspetivas Europeias sobre IA na Educação
A Europa tem-se posicionado como líder na regulamentação e desenvolvimento ético da IA educacional. O AI Continent Action Plan de abril de 2025 visa tornar a Europa líder global em IA, focando-se no desenvolvimento de tecnologias de IA fidedignas para melhorar a competitividade da Europa enquanto salvaguarda os valores democráticos European Commission.
O Conselho da Europa lançou oficialmente o AI Compass for Education na sua 3ª Conferência de Trabalho, fornecendo orientações para o diálogo político e implementação nacional Council of Europe. Esta iniciativa representa um esforço coordenado para estabelecer princípios éticos para a IA na educação a nível continental.
A UNESCO publicou a primeira orientação global sobre IA generativa na educação, visando apoiar países na implementação de ações imediatas e no planeamento de políticas a longo prazo European School Education Platform, enfatizando uma visão centrada no ser humano para estas novas tecnologias.
Avanços na Região Ásia-Pacífico
A região Ásia-Pacífico emergiu como um centro dinâmico para a inovação em IA educacional. O Diálogo Político de Alto Nível de 2025 na Ásia Oriental, realizado em junho em Ulaanbaatar, reuniu mais de 150 participantes sob o tema "Fomentando um Ecossistema de Ensino Superior Habilitado por IA" UNESCO.
A UNESCO organizou uma mesa redonda regional sobre IA generativa e educação no Ásia-Pacífico, explorando opções para adoção responsável e ética de ensino e aprendizagem impulsionados por IA na região UNESCO UNESCO. Este evento resultou numa declaração de resultados com catorze ações estratégicas para a integração responsável da IA generativa na educação.
Desenvolvimentos na América Latina
Pesquisadores da Brookings Institution destacaram o potencial da IA para apoiar professores na América Latina, particularmente através de capacidades dialógicas e adaptativas que podem ajudar a personalizar a instrução para estudantes com diversas necessidades Brookings.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) organizou um evento focado em "repensar a IA na educação através da América Latina e das Caraíbas", enfatizando que a IA deve ser um catalisador para aprendizagem mais profunda, não apenas um atalho para tarefas rotineiras Teacher Task Force.
O Chile anunciou um grande avanço com o seu projeto Latam GPT, um modelo de linguagem grande público, aberto e inclusivo, programado para ser lançado em junho de 2025 ProFuturo, representando um esforço regional para desenvolver tecnologias de IA adaptadas ao contexto latino-americano.
Análise Crítica
Tensões entre Tecnologia e Humanização
A literatura revista revela uma tensão fundamental entre a promessa de eficiência tecnológica da IA e a necessidade de manter abordagens centradas no ser humano na educação. Uma revisão sistemática publicada na Smart Learning Environments identificou preocupações sobre a sobre-dependência de sistemas de diálogo de IA, que pode impactar negativamente as capacidades cognitivas dos estudantes, incluindo tomada de decisões e pensamento crítico SpringerOpen.
Investigação recente publicada na revista Societies demonstrou uma correlação negativa significativa entre o uso frequente de ferramentas de IA e as capacidades de pensamento crítico, mediada pelo aumento da descarga cognitiva MDPI. Estes achados levantam questões cruciais sobre como integrar a IA na educação sem comprometer o desenvolvimento de competências cognitivas essenciais.
Desafios de Equidade e Inclusão
A questão da equidade emerge como um tema transversal na literatura. As iniciativas europeias enfatizam explicitamente a necessidade de "salvaguardar e avançar os valores democráticos" enquanto aproveitam os benefícios da IA em sectores como a educação European Commission. Contudo, persistem preocupações sobre como garantir que os benefícios da IA educacional sejam distribuídos equitativamente.
No contexto latino-americano, onde os estudantes enfrentam desafios significativos em alcançar objetivos básicos de aprendizagem, particularmente em matemática e ciências, a IA é vista como uma ferramenta potencial para personalizar a instrução em classes numerosas com recursos limitados Brookings.
Abordagens Dialógicas Emergentes
A investigação sobre aprendizagem dialógica humano-máquina na formação de professores identifica três componentes centrais: pedagogia, ambientes de aprendizagem e plataformas tecnológicas Inter-American Development Bank. Este framework sugere que a implementação bem-sucedida da IA educacional requer uma integração cuidadosa destes elementos, em vez de um foco puramente tecnológico.
A capacidade dialógica e adaptativa da IA generativa, exemplificada por ferramentas como o ChatGPT, oferece potencial para "responder a perguntas, modelar estratégias de raciocínio e scaffolding do pensamento dos estudantes de formas que espelham o ensino eficaz" Brookings.
Políticas e Governança
A União Europeia desenvolveu diretrizes específicas para apoiar a comunidade de investigação europeia no uso responsável de IA generativa, dirigidas a investigadores, organizações de investigação e organizações de financiamento de investigação Europa European Commission. Estas diretrizes representam um esforço para equilibrar a inovação com a responsabilidade ética.
As recomendações políticas da UNESCO incluem o desenvolvimento de "uma visão sistémica e prioridades estratégicas", "políticas e regulamentações para uso equitativo, inclusivo e ético da IA" e "planos mestres para usar IA na gestão educacional, ensino, aprendizagem e avaliação" UNESCO.
Considerações Finais
A análise da literatura emergente revela que o campo da IA na educação está numa fase de maturação crítica, caracterizada por uma crescente sofisticação tanto nas tecnologias quanto nas abordagens pedagógicas. A perspetiva dialógica emerge como um framework promissor para integrar a IA na educação de forma que preserve e melhore a interação humana, em vez de a substituir.
As iniciativas globais demonstram um consenso crescente sobre a necessidade de abordagens éticas, inclusivas e centradas no ser humano para a implementação da IA educacional. No entanto, persistem desafios significativos relacionados com a equidade, a preservação das competências cognitivas essenciais e a garantia de que a tecnologia serve verdadeiramente os objetivos educacionais.
A investigação futura deve focar-se no desenvolvimento de frameworks que equilibrem eficiência tecnológica com desenvolvimento humano integral, particularmente em contextos de diversidade cultural e socioeconómica. A abordagem dialógica oferece um caminho promissor para esta integração, enfatizando a co-construção do conhecimento entre humanos e sistemas inteligentes.
Referências
Brookings Institution. (2025, abril 11). How AI can support teachers in Latin America. Brookings. https://www.brookings.edu/articles/how-ai-can-support-teachers-in-latin-america/
Chiu, T. K. F. (2023). The impact of Generative AI (GenAI) on practices, policies and research direction in education: a case of ChatGPT and Midjourney. Education and Information Technologies. https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/10494820.2023.2253861
Conselho da Europa. (2025, março 10). Ensuring Quality Education in the AI Era - Introducing the Council of Europe Compass for AI and Education. https://www.coe.int/en/web/education/-/artificial-intelligence-and-education-third-working-conference
European Commission. (2025). European approach to artificial intelligence. Shaping Europe's digital future. https://digital-strategy.ec.europa.eu/en/policies/european-approach-artificial-intelligence
Kamalov, F., & Santandreu Calonge, D. (2023). New Era of Artificial Intelligence in Education: Towards a Sustainable Multifaceted Revolution. Sustainability, 15(16), 12451. https://www.mdpi.com/2071-1050/15/16/12451
Qadir, J. (2025). AI Tools in Society: Impacts on Cognitive Offloading and the Future of Critical Thinking. Societies, 15(1), 6. https://www.mdpi.com/2075-4698/15/1/6
Stanford Accelerator for Learning. (2025, março 17). The future is already here: AI and education in 2025. https://acceleratelearning.stanford.edu/story/the-future-is-already-here-ai-and-education-in-2025/
Strielkowski, W., et al. (2025). AI‐driven adaptive learning for sustainable educational transformation. Sustainable Development. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/sd.3221
UNESCO. (2025, junho 10). Empowering minds: a round table on Generative AI and Education in Asia-Pacific. https://www.unesco.org/en/articles/empowering-minds-round-table-generative-ai-and-education-asia-pacific
UNESCO. (2025, julho 8). East Asia Unites to Advance AI in Higher Education at 2025 High-Level Policy Dialogue. https://www.unesco.org/en/articles/east-asia-unites-advance-ai-higher-education-2025-high-level-policy-dialogue-held-30-june-2025
UNESCO. (2021). AI and education: guidance for policy-makers. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000376709
Wan, P., & Gu, X. (2025). Developing teachers' professional abilities: a systematic review of human-machine dialogic learning for teacher education. Interactive Learning Environments. https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/10494820.2025.2507280
Zhai, X., et al. (2024). The effects of over-reliance on AI dialogue systems on students' cognitive abilities: a systematic review. Smart Learning Environments, 11, 316. https://slejournal.springeropen.com/articles/10.1186/s40561-024-00316-7
Relatório Estratégias Globais de IA: EUA, China e União Europeia
Relatório Estratégias Globais de IA: EUA, China e União Europeia
13/8/2025
No espaço de uma semana, três grandes blocos económicos — Estados Unidos, China e União Europeia — apresentaram as suas estratégias oficiais para a Inteligência Artificial (IA).
Os Estados Unidos, com o plano Winning the Race: America's AI Action Plan (White House, 2025), optam por uma abordagem de desregulação, colocando a liderança tecnológica nas mãos das empresas privadas, acelerando a construção de infraestruturas e reforçando a diplomacia tecnológica.
A China, no Global AI Governance Action Plan (Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2025), propõe uma governação global inclusiva, promovendo padrões técnicos partilhados, código aberto, literacia em IA e apoio aos países em desenvolvimento, com a criação de uma organização internacional de cooperação.
A União Europeia, através do EU AI Act (EUR-Lex, 2024), adota uma regulação robusta baseada no risco, impondo requisitos obrigatórios para IA de alto risco, visando proteger direitos fundamentais e a transparência.
A análise por critérios objetivos (direitos humanos, inclusão, sustentabilidade, inovação e transparência) indica que a UEapresenta a estratégia mais equilibrada e ética, a China destaca-se na cooperação internacional e os EUA lideram em velocidade e competitividade, mas com menor proteção social e ambiental.
1. Estados Unidos – "Winning the Race: America's AI Action Plan"
Este plano foi divulgado pela Casa Branca em 23 de julho de 2025, com o mote de assegurar a supremacia norte‑americana em inteligência artificial .
Estruturado em três pilares:
Accelerating AI Innovation, fomentando investigação e inovação;
Building American AI Infrastructure, facilitando licenciamento para centros de dados, infraestruturas energéticas e fábricas de semicondutores;
Leading in International AI Diplomacy and Security, promovendo a influência dos EUA globalmente .
A abordagem é marcadamente desreguladora, com redução de salvaguardas ambientais e burocráticas, apoio às grandes empresas de tecnologia e ênfase num "mercado livre" como motor da inovação .
Esta orientação foi criticada por organizações de defesa dos direitos cívicos, que alertam para a ausência de mecanismos de proteção como equidade, transparência ou avaliação ambiental .
2. China – "Global AI Governance Action Plan"
Apresentado na 26 de julho de 2025, durante a Conferência Mundial de IA em Xangai, este plano delineia uma estratégia baseada em cooperação multilateral .
Destacam-se 13 pontos estratégicos, entre os quais:
proposta de criação de uma organização global de cooperação em IA, potencialmente sediada em Xangai;
promoção de padrões técnicos e jurídicos partilhados, transparência algorítmica e avaliação de riscos;
plataformas abertas e inclusivas, incentivo à literacia em IA e apoio aos países em desenvolvimento .
O enfoque da China é no governo global e solidariedade tecnológica, principalmente com o Global South .
3. União Europeia – o "EU AI Act"
A UE aprovou um quadro regulatório abrangente – o EU AI Act – que classifica os sistemas de IA por níveis de risco e impõe requisitos legais específicos para os de alto risco .
Prevê avaliações de conformidade, obrigações de documentação, fiscalização de mercado e mecanismos de responsabilização, particularmente para IA com impacto significativo nos direitos fundamentais .
Esta estratégia procura equilibrar inovação e proteção do cidadão, mas é alvo de debate sobre a sua possível rigidez e impacto competitivo .
Qual Estratégia é "mais sensata e preocupada com o futuro da humanidade"?
A UE aposta numa abordagem de longo prazo centrada em segurança, ética e direitos fundamentais, com regulação robusta—embora haja que cuidar para não tolher a inovação.
A China prioriza a cooperação e a inclusão global, alinhada com uma narrativa humanitária, ainda que sob forte controlo estatal.
Os EUA privilegiam competitividade imediata, inovação acelerada e autonomia tecnológica, mas com riscos evidentes a curto prazo em termos de transparência, equidade e ambiente.
Conclusão
Cada estratégia reflete valores, contextos históricos e prioridades nacionais distintas. A opção "mais sensata" depende do equilíbrio que consideramos crucial: segurança e direitos humanos (UE) versus cooperação inclusiva (China) versus agilidade e produção rápida (EUA).
Referências (APA 7ª edição, selecionadas)
Ropes & Gray. (2025, 31 julho). "Winning the Race: America's AI Action Plan" – Key Pillars….
Reuters. (2025, 26 julho). China proposes new global AI cooperation organisation.
Congress Research Service. (2025, 4 junho). Regulating Artificial Intelligence: U.S. and International…
Compliance Hub. (2025, 31 janeiro). Global AI Law Snapshot: A Comparative Overview….
Para documentos oficiais, recomendo ainda a leitura direta do plano da Casa Branca (como PDF) e dos comunicados da diplomacia chinesa (Ministério dos Negócios Estrangeiros da RPC).
Boletim diário — IA aplicada à Educação (perspetiva dialógica)
IA aplicada à Educação (perspetiva dialógica)
Data: 13 de agosto de 2025 (fuso Atlântico/Madeira)
Introdução
Este relatório sintetiza desenvolvimentos das últimas 24 horas sobre Inteligência Artificial (IA) aplicada à educação, com ênfase na aprendizagem dialógica (interação tutor–estudante mediada por agentes conversacionais, estilo socrático, feedback formativo e co-construção de significados). Foco-me em publicações jornalísticas e institucionais recentes, avaliando implicações para políticas, desenho curricular e práticas de sala de aula. As afirmações são acompanhadas de referências e hiperligações em formato APA 7.
Achados do dia (síntese e contextualização)
Integração acelerada de IA no K-12 norte-americano, entre benefícios operacionais e riscos de "conteúdo raso"
Um artigo de enquadramento mostra expansão do uso de chatbots por alunos (estudo, guias personalizados, correções) e por docentes (redução de carga administrativa com ferramentas como MagicSchool AI). Destaca casos distritais (Miami) e parcerias nacionais (ex.: Microsoft e AFT) ao mesmo tempo que reporta episódios de "AI slop" e desigualdades no acesso/uso, reavivando estratégias avaliativas presenciais (exame oral, escrita in loco). (Shroff, 2025).
Mudança institucional: Miami-Dade propõe diretrizes oficiais para uso pedagógico de IA
O terceiro maior distrito escolar dos EUA debaterá hoje a elaboração de linhas-mestras com um "quadro escalonado" de utilização (de "não usar" a "uso máximo" consoante a tarefa). Já há uso do Gemini no secundário com "salvaguardas"; horizonte de apresentação pública do guia em outubro. Mostra passagem de proibições ad hoc para governação pedagógica responsável, crucial para enquadrar práticas dialógicas (ex.: tutoria socrática com limites e critérios de qualidade). (Brugal, 2025).
Debate sobre reconfiguração curricular no superior: literacia em IA e capacidades humanas distintivas
Tyler Cowen defende que até um terço do currículo de licenciatura seja dedicado a aprender a usar, dialogar e supervisionar IA, deslocando a avaliação e as tarefas para o que excede a competência dos modelos (pensamento crítico, mentoria, julgamento ético). Para ambientes dialógicos, a proposta reforça práticas metacognitivas e negociação de sentido entre humano-IA, em vez de mera delegação de respostas. (Spirlet, 2025).
IA e aprendentes multilíngues: ganhos de participação, riscos de enviesamento e equidade
Reportagem reúne casos de uso (chatbots bilingues, leitura em voz alta com feedback, robótica com prompts de voz) que aumentam envolvimento e linguagem académica em sala. Em contrapartida, alerta para traduções imprecisas, "simplificação" excessiva de materiais e falsos positivos de detectores de IA que penalizam não nativos — pontos críticos para qualquer tutoria dialógica responsável (necessidade de validação humana e transparência). (Rami, 2025).
Preparação docente imediata: recursos práticos para políticas de IA em disciplinas e diálogo com estudantes
A Columbia CTL publicou (11 ago., ainda no intervalo útil) orientações operacionais: cláusulas de IA no programa, desenho de avaliações que evidenciam processo e autoria, e abertura de conversas explícitas com os estudantes sobre "quando e como" usar IA — um pré-requisito para instaurar contratos dialógicos e feedback formativo mediado por LLMs. (Columbia CTL, 2025).
Implicações para a perspetiva dialógica (leitura cruzada)
Da proibição à governação pedagógica: o movimento de Miami-Dade confirma que os ecossistemas que mais avançam caminham de bloqueios genéricos para matrizes de uso que distinguem tarefas de aprendizagem (explicação, questionamento socrático, treino, revisão), definindo papéis para humano e IA e critérios de qualidade (exatidão, rastreabilidade, nível linguístico) — condição base para práticas dialógicas robustas. (Brugal, 2025; Shroff, 2025).
Evitar "diálogo de fachada": a difusão de "AI slop" e de materiais pouco rigorosos ilustra o risco de confundir interação com aprendizagem dialógica. Um diálogo educativo requer intencionalidade, controlo de qualidade, progressão epistémica e tensão produtiva entre perguntas orientadoras e exploração do estudante — não apenas respostas rápidas. (Shroff, 2025; Rami, 2025).
Currículo e avaliação centrados no processo: a proposta de Cowen converge com diretrizes institucionais (Columbia CTL) ao deslocar ênfase para competências que a IA não substitui (argumentação, ética, julgamento contextual), valorizando registos de processo (rascunhos, reflexões, oralidade) — um terreno fértil para tutoria socrática e co-avaliação com feedback iterativo. (Spirlet, 2025; Columbia CTL, 2025).
Equidade linguística e cultural como critério de qualidade dialógica: a adoção com aprendentes multilíngues mostra ganhos de participação quando o diálogo é situado e culturalmente responsivo, mas exige validação humana de traduções, salvaguardas contra detetores enviesados e garantia de acesso a tarefas de nível de série. (Rami, 2025).
Análise crítica final
A agenda noticiosa do dia evidencia normalização da IA nas escolas e a transição para quadros regulatórios pedagógicos (em vez de proibições). Do ponto de vista dialógico, isto é promissor se — e só se — as instituições:
Codificarem papéis e limites (quando o agente pergunta, quando explica, quando devolve pistas; quando o humano intervém), com rubricas de qualidade e logs auditáveis; (Brugal, 2025; Columbia CTL, 2025).
Reconfigurarem avaliação para privilegiar percurso, oralidade, defesa pública e autoria situada, diminuindo incentivos à delegação acrítica; (Spirlet, 2025; Shroff, 2025).
Assegurarem justiça linguística: co-criação de materiais por falantes nativos, revisão humana de traduções e monitorização de enviesamentos em detetores/avaliadores automáticos; (Rami, 2025).
Formarem docentes e estudantes para diálogo crítico com IA, incluindo estratégias de verificação, metacognição e "parar para pensar" — condição para transformar interação em aprendizagem. (Columbia CTL, 2025).
Em suma, o "crescimento inevitável" da IA só se traduz em aprendizagem dialógica significativa se for acompanhado por governação pedagógica, avaliação autêntica e mediação humana crítica. Caso contrário, multiplicaremos conversas com IA sem verdadeira construção de conhecimento.
Referências (APA 7, com links)
Brugal, S. (2025, August 12). AI "is here." Miami-Dade Public Schools wants to create guidelines. Axios. https://www.axios.com/local/miami/2025/08/12/miami-dade-public-schools-ai-guidelines-for-teachers
Columbia CTL. (2025, August 11). What role will AI play in your classroom this Fall? Columbia University Center for Teaching and Learning. https://ctl.columbia.edu/announcements/faculty-august-11/
Rami, N. (2025, August 12). Teachers lean on AI to help English learners as Trump pushes schools to integrate the technology. Chalkbeat. https://www.chalkbeat.org/2025/08/12/ai-education-tools-for-english-learners-raise-hopes-and-challenges/
Shroff, L. (2025, August 12). The AI takeover of education is just getting started. The Atlantic. https://www.theatlantic.com/technology/archive/2025/08/ai-takeover-education-chatgpt/683840/
Spirlet, T. (2025, August 12). Colleges should teach how to use AI rather than skills a "machine" can do better, a leading economist says. Business Insider. https://www.businessinsider.com/economist-tyler-cowen-college-students-trained-jobs-ai-work-2025-8
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