13 de agosto de 2025
Introdução
O presente relatório de monitorização temática concentra-se na análise da literatura académica e científica emergente sobre a aplicação da Inteligência Artificial (IA) na educação, com particular ênfase na perspetiva dialógica da aprendizagem. A pesquisa sistemática abrangeu publicações globais dos últimos dias, procurando identificar tendências, inovações e desafios contemporâneos na interseção entre IA e educação em diferentes contextos geográficos e culturais.
A abordagem dialógica da aprendizagem com IA representa um paradigma educacional que valoriza a interação, o diálogo e a co-construção do conhecimento entre humanos e sistemas inteligentes (Stanford Accelerator for Learning, 2025; Wan & Gu, 2025) Stanford Inter-American Development Bank. Esta perspetiva contrasta com modelos mais tecnocêntricos, enfatizando o papel central da comunicação e da colaboração no processo educativo.
O presente relatório de monitorização temática concentra-se na análise da literatura académica e científica emergente sobre a aplicação da Inteligência Artificial (IA) na educação, com particular ênfase na perspetiva dialógica da aprendizagem. A pesquisa sistemática abrangeu publicações globais dos últimos dias, procurando identificar tendências, inovações e desafios contemporâneos na interseção entre IA e educação em diferentes contextos geográficos e culturais.
A abordagem dialógica da aprendizagem com IA representa um paradigma educacional que valoriza a interação, o diálogo e a co-construção do conhecimento entre humanos e sistemas inteligentes (Stanford Accelerator for Learning, 2025; Wan & Gu, 2025) Stanford Inter-American Development Bank. Esta perspetiva contrasta com modelos mais tecnocêntricos, enfatizando o papel central da comunicação e da colaboração no processo educativo.
Achados do Dia: Síntese e Contextualização
Desenvolvimentos nos Estados Unidos
O Stanford AI+Education Summit 2025, realizado em março, destacou questões fundamentais sobre o futuro da aprendizagem com IA, centrando-se em como "centrar a humanidade nos nossos ecossistemas de aprendizagem e IA" Stanford. Esta conferência revelou uma preocupação crescente com a manutenção dos valores humanos no contexto educacional impulsionado pela IA, particularmente através do desenvolvimento de sistemas de tutoria inteligente que emulam experiências de aprendizagem humana personalizada.
O projeto Learning Variability Network Exchange (LEVANTE), liderado por Frank, exemplifica esforços para recolher dados globais sobre desenvolvimento infantil que sejam "linguisticamente e culturalmente adaptáveis" Stanford, demonstrando uma abordagem inclusiva para o desenvolvimento de sistemas de IA educacional que respeitem a diversidade cultural.
Perspetivas Europeias sobre IA na Educação
A Europa tem-se posicionado como líder na regulamentação e desenvolvimento ético da IA educacional. O AI Continent Action Plan de abril de 2025 visa tornar a Europa líder global em IA, focando-se no desenvolvimento de tecnologias de IA fidedignas para melhorar a competitividade da Europa enquanto salvaguarda os valores democráticos European Commission.
O Conselho da Europa lançou oficialmente o AI Compass for Education na sua 3ª Conferência de Trabalho, fornecendo orientações para o diálogo político e implementação nacional Council of Europe. Esta iniciativa representa um esforço coordenado para estabelecer princípios éticos para a IA na educação a nível continental.
A UNESCO publicou a primeira orientação global sobre IA generativa na educação, visando apoiar países na implementação de ações imediatas e no planeamento de políticas a longo prazo European School Education Platform, enfatizando uma visão centrada no ser humano para estas novas tecnologias.
Avanços na Região Ásia-Pacífico
A região Ásia-Pacífico emergiu como um centro dinâmico para a inovação em IA educacional. O Diálogo Político de Alto Nível de 2025 na Ásia Oriental, realizado em junho em Ulaanbaatar, reuniu mais de 150 participantes sob o tema "Fomentando um Ecossistema de Ensino Superior Habilitado por IA" UNESCO.
A UNESCO organizou uma mesa redonda regional sobre IA generativa e educação no Ásia-Pacífico, explorando opções para adoção responsável e ética de ensino e aprendizagem impulsionados por IA na região UNESCO UNESCO. Este evento resultou numa declaração de resultados com catorze ações estratégicas para a integração responsável da IA generativa na educação.
Desenvolvimentos na América Latina
Pesquisadores da Brookings Institution destacaram o potencial da IA para apoiar professores na América Latina, particularmente através de capacidades dialógicas e adaptativas que podem ajudar a personalizar a instrução para estudantes com diversas necessidades Brookings.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) organizou um evento focado em "repensar a IA na educação através da América Latina e das Caraíbas", enfatizando que a IA deve ser um catalisador para aprendizagem mais profunda, não apenas um atalho para tarefas rotineiras Teacher Task Force.
O Chile anunciou um grande avanço com o seu projeto Latam GPT, um modelo de linguagem grande público, aberto e inclusivo, programado para ser lançado em junho de 2025 ProFuturo, representando um esforço regional para desenvolver tecnologias de IA adaptadas ao contexto latino-americano.
Análise Crítica
Tensões entre Tecnologia e Humanização
A literatura revista revela uma tensão fundamental entre a promessa de eficiência tecnológica da IA e a necessidade de manter abordagens centradas no ser humano na educação. Uma revisão sistemática publicada na Smart Learning Environments identificou preocupações sobre a sobre-dependência de sistemas de diálogo de IA, que pode impactar negativamente as capacidades cognitivas dos estudantes, incluindo tomada de decisões e pensamento crítico SpringerOpen.
Investigação recente publicada na revista Societies demonstrou uma correlação negativa significativa entre o uso frequente de ferramentas de IA e as capacidades de pensamento crítico, mediada pelo aumento da descarga cognitiva MDPI. Estes achados levantam questões cruciais sobre como integrar a IA na educação sem comprometer o desenvolvimento de competências cognitivas essenciais.
Desafios de Equidade e Inclusão
A questão da equidade emerge como um tema transversal na literatura. As iniciativas europeias enfatizam explicitamente a necessidade de "salvaguardar e avançar os valores democráticos" enquanto aproveitam os benefícios da IA em sectores como a educação European Commission. Contudo, persistem preocupações sobre como garantir que os benefícios da IA educacional sejam distribuídos equitativamente.
No contexto latino-americano, onde os estudantes enfrentam desafios significativos em alcançar objetivos básicos de aprendizagem, particularmente em matemática e ciências, a IA é vista como uma ferramenta potencial para personalizar a instrução em classes numerosas com recursos limitados Brookings.
Abordagens Dialógicas Emergentes
A investigação sobre aprendizagem dialógica humano-máquina na formação de professores identifica três componentes centrais: pedagogia, ambientes de aprendizagem e plataformas tecnológicas Inter-American Development Bank. Este framework sugere que a implementação bem-sucedida da IA educacional requer uma integração cuidadosa destes elementos, em vez de um foco puramente tecnológico.
A capacidade dialógica e adaptativa da IA generativa, exemplificada por ferramentas como o ChatGPT, oferece potencial para "responder a perguntas, modelar estratégias de raciocínio e scaffolding do pensamento dos estudantes de formas que espelham o ensino eficaz" Brookings.
Políticas e Governança
A União Europeia desenvolveu diretrizes específicas para apoiar a comunidade de investigação europeia no uso responsável de IA generativa, dirigidas a investigadores, organizações de investigação e organizações de financiamento de investigação Europa European Commission. Estas diretrizes representam um esforço para equilibrar a inovação com a responsabilidade ética.
As recomendações políticas da UNESCO incluem o desenvolvimento de "uma visão sistémica e prioridades estratégicas", "políticas e regulamentações para uso equitativo, inclusivo e ético da IA" e "planos mestres para usar IA na gestão educacional, ensino, aprendizagem e avaliação" UNESCO.
Considerações Finais
A análise da literatura emergente revela que o campo da IA na educação está numa fase de maturação crítica, caracterizada por uma crescente sofisticação tanto nas tecnologias quanto nas abordagens pedagógicas. A perspetiva dialógica emerge como um framework promissor para integrar a IA na educação de forma que preserve e melhore a interação humana, em vez de a substituir.
As iniciativas globais demonstram um consenso crescente sobre a necessidade de abordagens éticas, inclusivas e centradas no ser humano para a implementação da IA educacional. No entanto, persistem desafios significativos relacionados com a equidade, a preservação das competências cognitivas essenciais e a garantia de que a tecnologia serve verdadeiramente os objetivos educacionais.
A investigação futura deve focar-se no desenvolvimento de frameworks que equilibrem eficiência tecnológica com desenvolvimento humano integral, particularmente em contextos de diversidade cultural e socioeconómica. A abordagem dialógica oferece um caminho promissor para esta integração, enfatizando a co-construção do conhecimento entre humanos e sistemas inteligentes.
Referências
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